Os pressupostos do PSD e as tarefas do Pedro Passos Coelho

Pronto! Contados os votos, escolhido o novo líder, é tempo de olhar para a frente.
A votação foi de tal modo expressiva que nem é preciso recorrer à fórmula rei morto, rei posto. E se, para que as coisas ficassem claras, mais um voto que os 50 por cento era suficiente, com uma percentagem superior a 60 por cento o Pedro Passos Coelho tem toda a legitimidade para escolher e impor o seu caminho.
Não há margem para espingardas, nem sequer para bandeiras. O Pedro tem o direito de exigir lealdade e colaboração totais. De oponentes e apoiantes (e principalmente destes…).
E essa é, em minha opinião, a sua primeira tarefa: dominar os ‘seus’, controlar os apetites, as exigências, as cobranças. Conhecendo o que conheço, será tarefa difícil. Mas é condição essencial para o resto.
Tendencialmente, o PSD une-se ao ‘cheiro’ do poder. Mas, nos anos mais recentes, tem crescido a tentação para distribuir o ‘bolo’ ainda antes dele sair do forno (no que é uma aproximação ao comportamento mais típico de PS e CDS). E isto pode ser (será) fatal!
Se o Pedro Passos Coelho mostrar, já daqui a 15 dias no Congresso, que não cede aos apetites dos seus, estará a dar um sinal inequívoco de firmeza que será, seguramente, registado pelos Portugueses.
Com isto revelará que o que o move não é uma simples distribuição de ‘tachos’ e prebendas, com isto mostrará que sabe o que quer e como quer.
O Pedro precisa de toda a liberdade para constituir a(s) sua(s) equipa(s). É bom que dê alguns sinais de inclusão, mas, repito, carece de toda a liberdade para escolher em nome da competência e da necessidade e não em função de fidelidades e ‘quotas’ (sejam elas quais forem).
Consumada esta primeira tarefa (que tem que ser rapidíssima), há que olhar (a sério) para o País.
E aqui, mais uma vez, o Pedro Passos Coelho terá que resistir aos ‘seus’. Porque há por ali muita gente que quer algo, que se sente com direito a algo… Desde as Concelhias e Distritais ao Parlamento, ao Governo (!), à miríade de lugares e cargos que o exercício do poder executivo permite.
Isto para dizer que não deve haver pressa (sim, eu sei que as possibilidades temporais são curtas) em precipitar a queda do Governo (leia-se a dissolução da Assembleia da República). Ainda há pouco (re)li algo relativo aos governos de António Guterres que se aplica aos dias de hoje: o partido que ganha as eleições tem que governar com as condições que os eleitores ditaram e o papel da oposição (das oposições) é, em primeira linha, obrigá-lo a governar, fazendo o que tem que ser feito e não o que o partido vencedor gostava de fazer. Ganhar as eleições não é um prémio, mas uma obrigação que se assume em nome do País.
A tarefa primordial neste campo de olhar para o País é preparar a alternativa. Para além das frases feitas, das afirmações minimalistas (para Comunicação Social reproduzir) e das declarações de intenção.
Estamos fartos desta agenda (por muito importantes que sejam alguns itens…)! Estamos fartos de apenas ouvir falar da dívida, da crise, do apertar o cinto. Isso já sabemos todos!
Do que precisamos é que nos mobilizem em nome de causas, de objectivos concretos.
E quando o PSD assume este papel, normalmente ganha e ganha folgadamente.
O Pedro apontou caminhos, aparenta ter ideias concretas e saber por onde ir. Com elas conquistou o Partido.
Terá que as desenvolver e conquistar o País. Sem pressas (que podem ser fatais) mas também sem tibiezas.
Como (inspiradamente) escreveu o meu amigo e velho companheiro António Balão ainda na noite da eleição, “falta cumprir-se Portugal”.
(Que Eduard Bernstein me perdoe a ousadia de lhe plagiar o título…)

Comentários

  1. É uma expressão à Tó Balão!
    MªAdelia Henriques Mira da Silva Caiola
    Só hoje li dai só hoje comentar.

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