Se isto é Justiça...

Provavelmente já ninguém se lembra como tudo começou.
Provavelmente ninguém sabe ao certo o que é (era) o ‘caso Freeport’.
Nem interessa, para o que aqui me traz.
Segunda-feira, foi notícia o pedido de absolvição, pelo Ministério Público, dos dois arguidos no processo em julgamento no Tribunal do Barreiro.
Nada de mais, comentou (por estas ou semelhantes palavras) o Procurador Geral da República.
Será. Desconhecedor dos meandros processuais e das minudências legais, admito que sim, que à luz daquelas regras, seja normal.
Mas enquanto cidadão parece-me… digamos… estranho que o Ministério Público formule uma acusação (ou lá como formalmente se designa), se realize o julgamento e, nas alegações finais, o mesmo Ministério Público venha pedir a absolvição daqueles que acusou, com base na falta de provas.
Falta de provas? A julgar pela pormenorizadíssima ‘investigação jornalística’ que encheu dezenas e dezenas de páginas de jornais, horas e horas de rádio e televisão, provas é o que não faltaria.
Pensava eu (e pelo menos mais algumas pessoas com quem comentei o assunto) que quando o Ministério Público formula uma acusação (ou como isso se designa oficialmente) contra pessoas está na posse de provas que sustentem a sua posição em tribunal; se isso redunda em condenação é outro assunto.
Formular uma acusação, seguir para julgamento e, no final do mesmo, pedir a absolvição dos arguidos parece-me estranho. Muito estranho.
Parece-me estranho e grave.
A um nível, para a percepção que as pessoas, cidadãs e cidadãos, comuns fazem da Justiça.
A um outro nível (e não consigo estabelecer uma hierarquia entre ambos), para as pessoas envolvidas neste caso (e/ou noutros similares): todas elas sofreram em maior ou menos grau um significativo desgaste fruto da exposição pública a que foram sujeitas; todas elas foram prejudicadas de forma irremediável.
É isto a Justiça?
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 20 de Julho)

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