Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2011

Sobre o futuro (parte III)

Alguns dias antes das eleições legislativas de Junho, ensaiei aqui uma reflexão sobre a organização do poder político em Portugal. Entendi, então, que estando em apreciação pelo eleitorado as propostas dos partidos não devia intervir nesse âmbito. É tempo, agora. Em primeiro lugar, não me parece que se deva discutir o assunto com base simplesmente no custo desse patamar da nossa organização política (principalmente quando é evidente o desperdício noutros ‘sítios’…). Em segundo lugar, penso que a definição geográfica do Poder Local deve assentar no princípio do melhor serviço aos cidadãos e da proximidade desse mesmo serviço. Alguns dos males de que padecemos enquanto país têm precisamente a ver com o centralismo do exercício do poder. Em terceiro lugar, penso ser essencial mudar a forma de eleição dos órgãos do Poder Local municipal. Em minha opinião não faz sentido que as Câmaras Municipais sejam o único órgão executivo eleito por sufrágio directo e método proporcional, já que isso

Um mundo perigoso

"Muito do que hoje parece ‘natural’ remonta aos anos 80: a obsessão pela criação de riqueza, o culto da privatização e do sector privado, as crescentes disparidades entre ricos e pobres. E sobretudo a retórica que vem junto: admiração acrítica dos mercados sem entraves, desdém pelo sector público, a ilusão do crescimento ilimitado. Não podemos continuar a viver assim. O pequeno crash de 2008 foi um aviso de que o capitalismo não-regulado é o pior inimigo de si mesmo: mais cedo ou mais tarde há-de ser vítima dos seus próprios excessos e para salvar-se recorrerá novamente ao Estado. Mas se nos limitarmos a apanhar os bocados e continuar como dantes, podermos esperar convulsões maiores nos próximos anos. E porém parecemos incapazes de conceber alternativas." – Tony Judt (1948-2010), historiador, escritor e professor universitário britânico, in ‘Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos’ Perdoar-me-ão os leitores que metade deste texto seja ‘emprestada’ e a outra me