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Mostrando postagens de março, 2012

Dos idos de Março

Enquanto ainda ecoam os efeitos dos distúrbios que marcaram o dia de greve da passada semana, é bom que não nos distraiamos do essencial. O essencial não é a greve. A greve é um direito indiscutível, concordemos ou discordemos dos seus fundamentos e da sua oportunidade. O essencial também não é a manifestação que lhe esteve associada. Pelas razões anteriores e porque esta, em concreto, decorreu com toda a normalidade. O essencial foi o que aconteceu paralelamente e que acabou por ofuscar a iniciativa original, desvirtuando-a até. O essencial foi o que se passou no Chiado, entre uma carga policial que as imagens mais conhecidas demonstram ser excessiva e o que esteve na origem dessa carga. É urgente que saibamos tudo o que efectivamente se passou. Houve ‘agentes provocadores’? Se não, o que levou as forças policiais a agir daquela maneira (desproporcionada, insisto)? Se sim, quem foram? Das respostas a estas perguntas depende muita da saúde da nossa Democracia. Em primeiro lugar por

Sobre futebol (ou talvez não)

Esta semana ficará registada como a que viu ressuscitarem velhos fantasmas no mundo do ‘nosso’ futebol profissional. Quem tenha uma data de nascimento mais antiga (ou quem se dedique a ler sobre estas coisas) lembrar-se-á que isto já aconteceu no passado. De facto, a opção pelo aumento do número de clubes nos principais campeonatos nacionais não é nova e, tal como nesse passado, correu mal: entre suspeitas e certezas, correu imensa tinta, houve queixas de favorecimentos e, alguns anos depois, lá se voltou atrás (para o modelo actual). Aparentemente, não se aprendeu com o erro (ou, pior, aprendeu-se…) e vá de avançar com uma mudança de regras que é tudo menos clara, transparente e prestigiante. Com os campeonatos a aproximarem-se do final, foi resolvido esta semana que na próxima época haverá mais equipas a disputá-los. Pior: foi resolvido que, ao contrário do habitual, não haverá “despromoções”; ou seja, fica tudo na mesma, mais duas equipas que subirão do escalão mais baixo ao mais

Sobre as Freguesias

Em Outubro do ano passado, escrevi neste espaço sobre a anunciada intenção de redesenhar o mapa das Freguesias de Portugal. Escrevi ter muitas dúvidas sobre a ‘bondade’ da ‘reforma’ e sobre os sentimentos de rejeição que tal processo iria necessariamente desencadear. É desnecessário repetir pormenorizadamente o que então desenvolvi, salvo para sublinhar que me parece inútil e contraproducente desencadear iniciativas radicais do tipo que foi agora anunciado pela maioria dos (e das) presidentes de Junta de Freguesia do Concelho. Compreendo a revolta e o sentimento de injustiça que deve dominar, neste momento, quem se submeteu a sufrágio para servir as suas populações e as suas terras. Compreendo que se perguntem ‘porquê nós?’. Os autarcas de Freguesia são provavelmente os mais incompreendidos políticos da nossa república. Colocados no degrau mais baixo da pirâmide, sofrem todos os inconvenientes do exercício do poder sem verem, em troca, reconhecida a importância do trabalho (não re