Sobre as Freguesias

Em Outubro do ano passado, escrevi neste espaço sobre a anunciada intenção de redesenhar o mapa das Freguesias de Portugal.
Escrevi ter muitas dúvidas sobre a ‘bondade’ da ‘reforma’ e sobre os sentimentos de rejeição que tal processo iria necessariamente desencadear.
É desnecessário repetir pormenorizadamente o que então desenvolvi, salvo para sublinhar que me parece inútil e contraproducente desencadear iniciativas radicais do tipo que foi agora anunciado pela maioria dos (e das) presidentes de Junta de Freguesia do Concelho.
Compreendo a revolta e o sentimento de injustiça que deve dominar, neste momento, quem se submeteu a sufrágio para servir as suas populações e as suas terras.
Compreendo que se perguntem ‘porquê nós?’.
Os autarcas de Freguesia são provavelmente os mais incompreendidos políticos da nossa república. Colocados no degrau mais baixo da pirâmide, sofrem todos os inconvenientes do exercício do poder sem verem, em troca, reconhecida a importância do trabalho (não remunerado na maioria esmagadora dos casos) que desenvolvem. São eles, em primeira instância, que a população procura para ver resolvidos os seus problemas. E são eles, em grande parte dos casos, a sofrer perante a impossibilidade de os ultrapassar.
Não mereciam ser tratados assim.
Todavia, não depende deles a concretização da ‘reforma’. Ou pelo menos não depende de atitudes como a anunciada: entregar as chaves das Juntas de Freguesia.
Creio que esta é a pior opção, porque ao excluírem-se da solução correm o risco de prestar um mau serviço às populações que se dispuseram a servir.
Colocados perante a ‘reforma’, o melhor que havia a fazer era tentar conduzir o processo a partir de dentro: avançando com argumentos sólidos que contraditassem o ‘desenho’ colocado em cima da mesa e com uma proposta alternativa minimizadora do que consideram serem ‘estragos’ irreparáveis.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 2 de Março)

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