Dos idos de Março

Enquanto ainda ecoam os efeitos dos distúrbios que marcaram o dia de greve da passada semana, é bom que não nos distraiamos do essencial.
O essencial não é a greve. A greve é um direito indiscutível, concordemos ou discordemos dos seus fundamentos e da sua oportunidade. O essencial também não é a manifestação que lhe esteve associada. Pelas razões anteriores e porque esta, em concreto, decorreu com toda a normalidade.
O essencial foi o que aconteceu paralelamente e que acabou por ofuscar a iniciativa original, desvirtuando-a até. O essencial foi o que se passou no Chiado, entre uma carga policial que as imagens mais conhecidas demonstram ser excessiva e o que esteve na origem dessa carga.
É urgente que saibamos tudo o que efectivamente se passou. Houve ‘agentes provocadores’? Se não, o que levou as forças policiais a agir daquela maneira (desproporcionada, insisto)? Se sim, quem foram?
Das respostas a estas perguntas depende muita da saúde da nossa Democracia. Em primeiro lugar porque precisamos de saber que polícia temos (e o que será necessário fazer para melhorar o seu comportamento). Em segundo lugar, porque precisamos de saber se podemos sair à rua em ocasiões como aquela sem correr riscos de sofrer ‘efeitos colaterais’. Em terceiro lugar porque precisamos de saber se os ‘agentes provocadores’ podem actuar com total impunidade.
Este assunto não pode ser tratado apenas no recato de gabinetes nem sequer no plenário da Assembleia da República. É imprescindível que todo o País saiba o que efectivamente se passou, as respectivas causas e o que será feito para evitar repetições.
A Democracia é liberdade, é tolerância mas é também respeito. Todos têm o direito e a liberdade de se manifestar mas todos têm, paralelamente, a obrigação de respeitar a liberdade e a segurança dos outros.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 30 de Março)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Devia ficar orgulhoso?

Não havia necessidade!

O PSD tem conserto?