Não havia necessidade!

A (nova) disposição estatutária aprovada este fim-de-semana pelo PSD, e que proíbe críticas públicas à linha oficial nos 60 dias antes de um acto eleitoral, é um manifesto exagero e um rematado disparate político!
Devo dizer que compreendo quer a intenção do proponente (Pedro Santana Lopes) quer a reacção/votação da esmagadora maioria dos congressistas.
Com especial autoridade neste particular, Pedro Santana Lopes quis preservar futuros líderes das atribulações do passado recente, quando houve sempre uma picareta falante a destoar do(a) líder de serviço, assim minando a respectiva autoridade e criando ruído objectivamente favorável aos adversários.
Com especial autoridade (também), os delegados - convém sublinhar que 3/5 dos congressistas - expressaram a sua revolta perante os desmandos de certas 'elites', sempre mais preocupadas com agendas próprias do que com os objectivos últimos do partido enquanto um todo.
Pese embora esta prática não seja nova no PSD - urbanos/rurais, cavaquistas/não cavaquistas e, com particular acuidade, a campanha anti-Balsemão que havia de conduzir ao 'bloco central' - ela é particularmente nociva nos dias que correm, com uma aceleração brutal do tempo político e a eficácia da máquina comunicacional do PS/Governo e seus compagnons de route.
Percebo isto tudo e estou absolutamente convencido de que quem propôs e quem aprovou esta medida o fez com a melhor intenção.
Mas não havia necessidade.
E não havia necessidade especialmente tendo em atenção o que fica escrito três parágrafos acima: como se começou a ver logo ontem e hoje tem a devida continuidade, esta alteração estatutária foi elevada a FACTO do Congresso. A par da inacreditável, e a todos os títulos lamentável, intervenção de Fernando Costa.
Ora, apesar de visto de longe, o Congresso foi muito mais do que aquilo! Foi um momento alto, talvez o momento mais alto de um passado recente, na vida do PSD. Discutiu-se política, ouviram-se grandes discursos, preparou-se assim um novo caminho.
Mas aquela votação foi maná para os do costume. Como se viu com um qualquer papagaio do PS a rasgar as vestes e com não sei quantos opinadores a clamar por Estaline...
Que era (é) preciso pôr ordem na casa é inegável e indiscutível. Mas não assim.
Não havia necessidade!

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