Carta a uns #%#§&$£€ que não conheço

Teve hoje destaque em praticamente toda a comunicação social um conjunto de ‘ideias’ dadas à luz pelos ‘patrões dos patrões’.
Querem os senhores (Confederações da Indústria e do Turismo) ‘moralizar’ o subsídio de desemprego…
E então, propõem o seguinte (entre outras medidas):
- Ninguém pode ter um subsídio maior que o salário (creio que por lei, é igual a 65 por cento deste);
- O montante do subsídio deve diminuir ao longo do período de desemprego;
- O subsídio só deve ser concedido a quem não tenha outras fontes de subsistência;
- Obrigatoriedade de prestar ‘serviço social’ (seja lá o que isso for e mesmo que à custa de postos de trabalho existentes).
Não se pode dizer que tenha ficado admirado. Em boa verdade nem esperava outra coisa…
Basta reparar, com alguma atenção, para a vida que aqueles ‘desgraçados’ levam, os carros que têm sido obrigados a vender (no primeiro trimestre deste ano, e comparando com o do ano passado, a Maserati viu as suas vendas crescer 200 por cento e a Volvo 154), as férias que cancelaram, os prémios de gestão que não receberam, os cartões de crédito que devolveram… Todo um rol de sacrifícios que lhes permitem falar de cátreda!
Ironia à parte (que o assunto é demasiado sério)…
Que raio de país é este (nosso), onde se ouvem (ou lêem) coisas destas sem um imediato movimento de repúdio?
Quem são estas personagens? Que fizeram por Portugal?
Empresários? Empreendedores? Sim, claro, numa terminologia ‘à moda’.
Mas que fizeram eles?
Generalizadamente ‘investiram’ com recurso ao crédito e à exploração da mão-de-obra, apressando-se a descapitalizar as empresas com ‘investimentos’ privados.
À mínima contrariedade correm para o Governo, berrando por subsídios (que têm, aliás, recebido fartamente dos sucessivos quadros de apoio comunitário).
Exigem tudo e mais alguma coisa, não dando nunca nada em troca.
São eles que ‘criam riqueza’? Com o dinheiro da banca e o trabalho dos outros?...
Exigem ‘racionalização da mão-de-obra’ – leia-se despedimentos – e agora vêm pregar limitações ao subsídio de desemprego?
Negoceiam ‘rescisões amigáveis’ e agora querem excluir as vítimas disso do subsídio de desemprego?
E ainda os ouvem?
Prefiro Marx (Karl): "Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites desse poder e o carácter desses limites".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Devia ficar orgulhoso?

Não havia necessidade!

O PSD tem conserto?