Sobre a televisão e o serviço público


Vai grande a alto o alarido em torno da privatização/concessão da RTP. Vai grande, alto e, em minha opinião, fora de tempo.
Tudo começou porque um senhor muito ilustre mas que não tem poder democrático sobre coisa nenhuma disse umas coisas sobre um putativo ‘modelo’ de futuro para a RTP. A ‘técnica’ é conhecida: alguém diz umas coisas, a opinião publicada exalta-se e depois nada daquilo acontece. É o chamado ‘balão de ensaio’ que, desta vez, permitiu perceber a aliança táctica entre todos quantos serão ‘prejudicados’ pela alteração do estatuto da RTP.
Não gosto da ‘técnica’, muito menos aplicada à coisa pública. Não simpatizo com o ‘mensageiro’ e penso que a ‘mensagem’ não vale o tempo que se gastar com ela.
Penso, aliás, que a discussão em torno do futuro da RTP foi feita (ou devia ter sido feita) há um ano (mais ou menos), aquando da campanha eleitoral e da apresentação do programa do Governo na Assembleia da República.
E o que ‘diz’ o dito programa? Basica e resumidamente, que deve ser privatizado um canal e mantidos os outros (Memória, África, Internacional e o 1 ou o 2), exclusivamente destinados ao serviço público.
A solução parece-me adequada: acabar com a ‘concorrência’ entre RTP e privadas a ver quem emite mais ‘lixo’, manter os canais virados para o exterior (embora pessoalmente tenha dúvidas sobre a utilidade desta RTP África) e para preservar a memória, dar o que as outras não dão mas é importante para a cidadania. O serviço público de televisão (e rádio, já agora) deve conter-se nesta esfera e adequar os seus gastos ao suportável pelos contribuintes (unicamente através de uma taxa de audiovisual): não tem que alimentar ‘estrelas’ nem espalhar desperdícios por tudo quanto é minuto de emissão.
Quanto à gritaria reinante, percebo a histeria dos muitos que receiam perder algo. Paciência… Interesses mais altos se levantam e devem prevalecer.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 31 de Agosto)

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