Portugal no seu pior

Portugal é um país de ‘gajos porreiros’… depois de mortos.
Portugal é um país de gente boa, toda muito amiga uma da outra… enquanto há uns pós de poder no casaco de cada uma.
Portugal é um país de descobridores: gente que, de um momento para o outro e mal se suspeite que os pós de poder podem voar de um qualquer casaco, descobre coisas inauditas sobre a personagem em questão. Nesse momento, e até à ‘vida eterna’, essa pessoa passa a ter todos os defeitos do mundo, desde a corrupção ao despesismo, do gostar de copos até ao mau feitio…
É o que se vem verificando a propósito das eleições regionais na Madeira.
Alberto João jardim é o mesmo há mais de três décadas: truculento, desbocado, excessivo, amigo dos copos e dos charutos (até ao susto recente…), insultuoso por vezes.
Há mais de 30 anos que a vida política da Madeira é igual: a preto-e-branco, amigos de um lado inimigos do outro. Não há meios termos, não há moderação, haverá tolerância zero, favorecimentos, benefícios diversos.
Há mais de 30 anos que quem quis saber soube. E soube mas nada (ou quase nada) disse. Governos diversos (PS, PS-PSD, PSD, PSD-CDS) pactuaram com a ‘gestão jardinista’ sem qualquer sobressalto: financeiro ou cívico.
Pretender, aqui no rectângulo, que não se sabia da ‘contabilidade criativa’ é um exercício repugnante, venha isso de onde vier.
Mas a toda poderosa ‘troika’ descobriu e Portugal ‘horrorizou-se’…
Responsáveis diversos falaram, solenes, de ‘nunca mais’! Ex-responsáveis (mais ou menos recentes) rasgaram as vestes e gritaram contra os ‘desmandos’.
Órgãos de Comunicação Social que, normalmente, nem sabem onde é isso da Madeira (como não sabem, genericamente, onde fica coisa alguma de Portugal que seja mais longe que a mais próxima portagem de saída de Lisboa ou Porto) despacharam ‘equipas de reportagem’ para a ilha. Equipas essas que, num minuto, descobriram todos os horrores, todos os desmandos, todas as obras (como se tudo isso tivesse nascido da noite para o dia…).
E hoje, oh! horror máximo e insuportável, descobriu-se que há irregularidades diversas na votação. Coisas que aqui no rectângulo não acontecem… Aqui o caciquismo não existe! Aqui não há voto acompanhado, não há viaturas mais ou menos oficiais a transportar idosos e incapacitados, não há autarcas mais ‘prestáveis’, não há eleitores fantasma… Se a democracia não tivesse nascido na Grécia, teria certamente nascido aqui.
É o pior de Portugal que se revela hoje, a partir da Madeira (ou por causa da Madeira).
Cheira a sangue e a fila dos que querem receber os louros de uma dentada na vítima encheria uma ponte daqui à Madeira.
(Publicado também no Facebook)

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