Brincar com coisas sérias

Voltou a aquecer a já antiga disputa em torno da possibilidade de troca de medicamentos previamente receitados.
Em causa está a (próxima) prescrição por substância activa e não por nome comercial.
Alega a Ordem dos Médicos que isso é perigoso, pois os medicamentos não são todos iguais nem oferecem a mesma garantia e promete, mesmo, que os médicos vão distribuir um folheto de alerta aos seus doentes.
Ripostam os farmacêuticos que não pode ser colocada em causa a qualidade dos remédios, pois essa apreciação compete ao Infarmed (e, portanto, se estão à venda é porque cumprem os padrões exigidos).
No meio, como sempre…, os ‘consumidores’ interrogam-se. Se os genéricos são mais baratos e se, para mais, há uns genéricos mais baratos que outros, por que não podem poupar algum dinheiro? Em quem devem confiar? Nos seus médicos? Nos seus farmacêuticos?
A resposta mais natural, digamos, seria confiar nos médicos. Afinal de contas, as farmácias têm interesse económico na venda de medicamentos…
Mas, neste ‘filme’, os farmacêuticos aparecem como mais amigos da carteira dos seus clientes.
A generalidade dos consumidores de medicamentos não tem conhecimentos que lhe permita perceber tudo quanto está em causa. Não sabe, evidentemente, por que razão o médico prescreve este ou aquele medicamento. Recolhe a receita, vai à farmácia e compra o produto. Em tempo de dinheiro tão contado, e sabendo que há alternativas mais económicas, é natural que se interrogue.
Este episódio contribuirá para uma quebra de confiança fundamental, seja no médico seja no farmacêutico.
Esta guerra é, a todos os títulos, lamentável. Porque não são claras as motivações de todas as partes. Porque, aparentemente, estamos a ser financeiramente prejudicados, pagando mais que o necessário por produtos que somos obrigados a consumir.
E porque com a saúde não se brinca.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 28 de Outubro)

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