Entre Beja e Monte Real (com Espanha como exemplo)

(obrigado ao João Melo Alvim pela ‘inspiração’)
A imprensa espanhola tem, nos últimos dias, dado particular destaque à situação que se vive no ‘mapa’ aeroportuário do país.
A febre de construção e remodelação de aeroportos que varreu Espanha nos anos recentes conduziu a uma situação explosiva. Milhares de milhões de euros ‘investidos’, inúmeros aeroportos construídos ou ampliados, expectativas alimentadas e que não se verificam… o panorama é negro e vai revelando parte das razões que levaram a Espanha a uma situação financeira não muito diferente da nossa, quiçá até mais grave.
Como se não bastasse o panorama aeroportuário, também a alta velocidade ferroviária começa a revelar as consequências de investimentos mal ponderados.
Que temos nós a ver com isso? Deixemos de lado o TGV, que felizmente não temos, e vejamos os aviões.
Beja é o melhor exemplo que poderíamos ter para ilustrar o erro espanhol: milhões de euros consumidos, um voo semanal, menos de dez passageiros por voo.
E Monte Real? Aqui há gente, há destinos turísticos (Fátima, Figueira da Foz…), há pista, há estradas…
Pois há, e provavelmente o custo de adaptação até seria, digamos, decente.
Mas haveria passageiros? Se não temos uma estratégia de promoção integrada (o que nos interessa mais? A ligação a Lisboa ou a Coimbra/Figueira da Foz?) que garantia teríamos de conseguir ‘mercado’?
Penso que não devemos abandonar o objectivo da abertura de Monte Real à aviação comercial de passageiros. Mas em tempos de vacas magríssimas, o mais avisado talvez seja aproveitar a ocasião para aprofundar estudos, sedimentar relacionamentos inter-regionais, definir públicos-alvo (para além, necessariamente, do turismo religioso), desenvolver estratégias de atracção.
Recuperadas que estejam as nossas situação financeira e capacidade de investimento, estaríamos prontos para avançar.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 1 de Julho)

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