Uma vergonha

Centenas (milhares, o que for) de eleitores foram impedidos de votar no passado domingo.
O facto, só por si, já é suficientemente grave para passar sem consequências (sérias). Estamos perante uma situação inédita na história da nossa Democracia: cidadãos eleitores impedidos de o ser por uma qualquer deficiência mecânica (digamos assim).
Devo confessar que durante o apuramento dos resultados não me apercebi da dimensão do problema; e por isso não o valorizei devidamente. Já tarde na noite, e principalmente na manhã de segunda-feira, é que me inteirei da dimensão do que sucedera.
Como é possível que, numa sociedade tão ‘tecnológica’, tão avançada, uma coisa simples, como saber o número de eleitor, se tenha revelado tão complicada, e mesmo impossível?
Como aceitar passiva e acriticamente que centenas (ou milhares, ou o que for) de eleitores tenham desistido de votar, desesperados e exasperados, pela completa ineficiência da máquina do Estado?
Como entender que os responsáveis resumam o problema a um “afluxo anormal” de solicitações de número de eleitor… em dia de eleições?
Se o caso já seria grave em condições ditas ‘normais’, ele torna-se gravíssimo numa situação de previsível aumento da abstenção (voluntária) e num cenário de apelos (inexplicáveis e irresponsáveis, em minha opinião) à abstenção.
Não interessa, agora, saber os ‘porquês’. É tarde, porque irremediável. Manchou-se a eleição do Presidente da República, o que é uma vergonha.
Mas interessa, é obrigatório em nome da Democracia, saber quem é responsável. Política e tecnicamente.
É obrigatório tirar consequências.

(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 28 de Janeiro)

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