Sigamos a bola

Sim, eu sei! É futebol, e futebol não é coisa recomendável.
Eu sei, mas o melhor do mundo é Português e até partilhou a distinção em Português.
Além disso, no mar de desgraça que inunda o panorama noticioso, um galho a que nos agarremos só faz bem.
Mais ainda, o título de ‘melhor treinador do mundo’ (seja lá isso o que for) resultou, ao que ouvi, de votação efectuada pelos pares (e concorrentes) de José Mourinho (claro que é dele que se trata). Não resulta de uma ‘pesquisa de opinião’, da mobilização dos amigos, muito menos da participação em qualquer ‘concurso’ televisivo.
Goste-se ou não se goste da personagem (eu confesso que não gosto), uma coisa é verdade: é um dos poucos portugueses que conheço que definiu os seus objectivos, se preparou para eles e trabalhou para os alcançar. E isto não é pouco. Em Portugal, aliás, é imenso!
Claro que não inventou a roda, não conseguiu a quadratura do círculo nem descobriu o elixir da vida eterna… É bom no futebol, e o futebol é só chutos na bola e pontapés na gramática.
Mas é bom (muito bom) no que faz e não tem medo. Não teve medo em Portugal, não teve medo em Inglaterra, não teve medo em Itália, não tem medo em Espanha.
Dizem até os entendidos que é particularmente bom a fazer grandes omeletas com poucos ovos.
E depois (perguntarão alguns)? E depois, é um exemplo para o Portugal pequenino e miserabilista que somos. Não pelo que projecta lá fora (que uma andorinha não faz a Primavera…) mas pelo que poderia projectar cá dentro. Pelo exemplo de determinação que é.
José Mourinho não se encosta, não se esconde, não se refugia. Dá (como se costuma dizer) o peito às balas, enfrenta, desafia, provoca… e prova que é bom no confronto com os melhores e com os maiores.
(Desculpem, mas com tanta lama pelo ar, é higiénico ‘falar’ de futebol)

(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 14 de Janeiro)

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