Ai Timor…

Timor-Leste foi um dos 17 países com representação diplomática em Oslo ausentes da cerimónia de ‘entrega’ do Prémio Nobel da Paz ao democrata chinês Liu Xiaobo.
Esta ausência, canhestramente justificada pelo seu Presidente, José Ramos Horta, significa implicitamente o alinhamento de Timor-Leste com a República Popular da China.
José Ramos Horta, é bom lembrar, partilhou com o Bispo Ximenes Belo o mesmo Prémio, no já longínquo (ao que parece) ano de 1996. José Ramos Horta, é também bom lembrar, foi durante décadas o porta-voz da resistência timorense ao invasor indonésio e, enquanto tal, objecto de especial admiração por parte de milhares (milhões?) de Portugueses.
Timor-Leste terá sido uma das causas que mais uniu os Portugueses nos últimos tempos. Ainda recordo as mais diversas jornadas de solidariedade que se seguiram ao conhecimento do massacre do cemitério de Santa Cruz (no ainda mais longínquo dia 12 de Novembro de 1991) e de tudo quanto aconteceu até à independência.
A República Democrática de Timor-Leste nasceu da resistência heróica do seu povo, da luta armada desenvolvida por muitos dos seus filhos, da persistência de outros (como Ramos Horta) e da solidariedade internacional. Foi esta conjugação que permitiu o fim da opressão indonésia e a garantia da liberdade para os timorenses escolherem o seu próprio caminho.
E é por lutar pela Liberdade que Liu Xiaobo está preso pela terceira vez (agora condenado a uma pena de 11 anos por "subversão ao Estado").
É claro que a China é um potentado mundial e, mais importante ainda, a potência dominante no extremo Oriente. É claro que não será fácil a um pequeno país da zona afrontar o (ou sequer desagradar ao) seu poderoso vizinho. Se nem países maiores e mais distantes o fazem…
Mas não se fazer representar na ‘entrega’ do Nobel da Paz, sendo, para mais, presidido por um laureado com esse Prémio?...
Ai José Ramos Horta…
Ai Timor…
(versão integral do texto publicado no 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 17 de Dezembro)

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