Sobre a sensatez

Quando, há cerca de 15 dias, Isabel Jonet fez algumas afirmações mais ou menos contundentes numa estação televisiva, logo a indignação ululante que pretende dominar a nossa cena pública se ergueu nas ‘redes sociais’, com conveniente propagação nos meios do costume, contra aquela ‘saudosista do estado novo’.
Que isto e mais aquilo, que a ‘caridadezinha’ para aqui e os ‘pobrezinhos’ para ali, que Isabel Jonet insultara os ‘portugueses’, que ‘jamais’ voltariam a contribuir para os Bancos Alimentares (será que contribuíram alguma vez?). Lançaram-se até umas quantas ‘petições públicas’ contra a senhora (que não conheço para além das suas aparições televisivas), a ‘exigir’ a sua demissão do Banco Alimentar (a propósito: ninguém se ocupa da contabilidade dessas ‘petições’? porquê?)
Este fim-de-semana, se necessário fosse, a normalidade foi ‘reposta’. Os portugueses (sim! os de carne e osso) levantaram-se e entregaram aos Bancos Alimentares qualquer coisa como três mil toneladas de bens alimentares, que vão servir para minorar as dificuldades de muitos milhares de famílias. Não houve ‘boicote’, não houve nada mais que o habitual de há uns anos para cá. Todos quantos puderam, no meio das dificuldades que atravessamos, responderam com a solidariedade e sensatez do costume.
No fundo, todos nós sabíamos que iria ser assim. Afinal, conhecemo-nos e sabemos que em momentos de dificuldade não negamos a ajuda possível aos nossos semelhantes.
À hora que escrevo estas linhas não sei se a recolha deste ano supera a do ano passado. Mas sei que ficará próxima, ligeiramente abaixo ou algo acima. Na área do Banco Alimentar de Leiria-Fátima foram recebidas 101 toneladas, o que creio ultrapassa a recolha do ano passado.
Com as dificuldades a crescer, isso dá bem conta do que somos capazes.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 7 de Dezembro)

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