A nossa vez

"Precisamos de austeridade para convencer o mundo de que vale a pena investir na Europa" - Angela Merkl

Há 67 anos a Europa estava quase destruída física, moral e economicamente. Na maioria dos países reinavam o caos, a miséria, o desespero e a fome.
Foi desse cenário que se ergueu a realidade que hoje conhecemos. Uma Europa que, genericamente, alimentou os seus, se reconstruiu, cresceu económica e socialmente.
Foi um tempo de índices de crescimento acima dos cinco por cento, gerando rendimentos que possibilitaram a generalização do ‘estado social’. E foi assim até ao início dos anos 70: economia com vento favorável, população em crescimento, paz entre os povos, todas as condições para o ‘estado de bem-estar’.
Mas (há sempre um mas…), acomodámo-nos. O ritmo de crescimento abrandou (até quase à estagnação), a natalidade diminuiu (e portanto a população envelheceu). Citando o Grilo, de Eça de Queiroz, a propósito de Jacinto, passámos a sofrer de fartura.
Tudo estaria (mais ou menos) bem, não fora o resto do Mundo acordar e passar a disputar o papel dominante que a Europa julgava seu.
E foi isto que, em vésperas de visita a Portugal, Angela Merkl lembrou, não necessariamente só aos ‘preguiçosos’ países do Sul mas a toda a Europa: estamos acomodados, velhos e instalados num estilo de vida que não conseguimos suportar.
Portugal está longe (ainda) dos níveis médios da Europa? Está.
Portugal tem condições para manter o que tem e como tem? Não. Por tudo o que antecede e porque nos anos recentes fomos pobres fazendo figura de ricos.
Precisamos de cultivar a frugalidade se queremos uma vida melhor.
Precisamos de saber poupar para conseguir proteger os mais fracos.
Precisamos de perceber que sem produzir não é possível distribuir e que o que esbanjamos jamais será (bem) distribuído.
Só com ‘indignação’ e ‘revolta’ não vamos a lado nenhum. Ou vamos… para um buraco ainda mais fundo.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 9 de Novembro)

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