A Democracia, hoje

Uma recente sondagem diz-nos que 87 por cento dos portugueses estão desiludidos com a Democracia.
Ocupados com a ‘espuma dos dias’ e com preocupações bem reais, temo que não se preste a atenção devida a este indicador. O que é mais um sintoma da doença.
Por estes dias, andamos demasiado ocupados a procurar culpados pela situação, a apontar os erros dos outros, a criticar os cortes na nossa vida…
Dir-me-ão que a situação está tão difícil que não sobra tempo para outras preocupações que não sejam as do dia-a-dia. Será verdade, ou será parte significativa da verdade. Percebo que assim seja, percebo que o cidadão comum ande amargurado, preocupado, com receio do que lhe trará, de pior, o dia de amanhã.
Já não percebo que cidadãos com especiais responsabilidades mantenham o mesmo rumo, o mesmo discurso, face ao que vamos vivendo há tantos anos.
Perante uma situação de emergência que devia ser reconhecida por todos, não percebo a manutenção de um discurso político ‘clubístico’ de separação absoluta entre ‘bons’ e ‘maus’, de desresponsabilização pelo passado. Um discurso de ‘trincheira’, acriticamente reproduzido e multiplicado pela comunicação social e nas ‘redes sociais’.
Não percebo a manutenção de uma ‘liturgia’ de confronto, de palavras ocas e repetitivas, que transmitem uma sensação de irresponsabilidade gritante e, diria, de um certo desdém pelas dificuldades que a generalidade dos cidadãos atravessa.
A História está cheia de exemplos de crises parecidas com a nossa que acabaram muito mal. Precisamente porque os ‘intérpretes’ principais da Democracia não perceberam, ou não quiseram perceber, que há uma razão maior que as suas ‘razões’ particulares ou de grupo.
Precisamos de verdade! Precisamos de seriedade! Precisamos que os eleitos, todos os eleitos, estejam à altura do tempo que vivemos.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 28 de Setembro)

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