Um ano passado

Cumpriu-se esta semana um ano sobre as eleições legislativas antecipadas de que resultou este Governo. É tempo de um primeiro balanço.
Em Abril de 2011, lembremos, Portugal pedira ajuda externa para ultrapassar a situação de eminente ruptura financeira em que se encontrava, do que resultou o chamado ‘Memorando de entendimento’ com o FMI, o BCE e a Comissão Europeia. A assinatura deste documento significou para PS, PSD e CDS/PP que a campanha eleitoral se desenrolou com um ‘programa de governo’ antecipadamente definido.
Um ano passado, uma boa maneira de assinalar a data é ler a entrevista que Medina Carreira concedeu ao jornal ‘i’ no dia 2 deste mês.
Com a sua habitual lucidez, o ministro das Finanças do primeiro Governo Constitucional traça um quadro bem real, e muito duro, da nossa realidade e do que aqui nos conduziu, enquadrando-a na crise mais geral do mundo Ocidental.
Permitam-me que sublinhe a que é, no meu ponto de vista, a mensagem essencial desta entrevista: na nossa situação, dificilmente poderíamos esperar outro tipo de medidas, outra política e, portanto, outra situação. No estado de emergência em que nos encontramos (e que há um ano era pior, mesmo que não déssemos por isso), só uma austeridade draconiana nos pode preparar um melhor caminho para o futuro. É necessário? É. É duro? É! Muito duro! É justo? Sim e não.
Aqui reside, quanto a mim, a principal fragilidade da política seguida pelo Governo: a percepção que o cidadão comum tem de o Estado estar a fazer pouco, sendo certo que para o endividamento brutal que registamos é ele o principal responsável. A explicação de que as reformas de emagrecimento desse Estado demoram a produzir efeitos não é suficiente.
É preciso fazer mais, e mais depressa. E falar menos, ‘projectar’ menos, especular menos.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 8 de Junho)

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