A modéstia ficava-nos bem

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse esta semana que a Europa não aceita lições de democracia e de economia. Disse-o no contexto de uma qualquer cimeira, algures do outro lado do Atlântico.
A primeira parte da afirmação parece-me inquestionável: foi aqui que tudo começou (na Grécia antiga); foi aqui que quase tudo se desenvolveu (na Inglaterra e em França, principalmente) e depois crescentemente na maioria dos restantes países; foi daqui que a democracia irradiou para outros continentes, num movimento lento mas seguro e crescente.
Quanto à segunda parte (as ‘lições de economia’) já me assaltam muitas dúvidas. É verdade que foi na Europa que, até há algumas décadas, se verificaram os maiores valores de crescimento e desenvolvimento, que foi aqui que, apresar de tudo, se alcançaram maiores índices de justiça social (ou menores índices de injustiça social…).
Mas também é verdade que, há algumas décadas também, a Europa (ou a maioria da Europa) estagnou e, mesmo, iniciou um caminho de retrocesso. Ao mesmo tempo, noutros continentes, e sob regimes muitos diversos, outros países encetaram percursos de crescimento assinalável que os colocam hoje em posições muito mais confortáveis que boa parte dos países europeus.
Neste espaço limitado, não há como apontar as razões (ou algumas das razões) que conduziram à situação presente. Fiquemo-nos pela constatação do facto: enquanto de um lado nos limitámos a contemplar a nossa ‘superioridade’ e a decretar a deslocalização da produção, do outro trabalhou-se para aproveitar a oportunidade de crescimento e de melhoria das condições de vida das populações.
Sim! Temos algo a aprender com os outros (e com o nosso passado): por exemplo, a ser modestos.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 22 de Junho)

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