Concentradíssimos

Há muito, muito tempo, era a abertura da Base Aérea de Monte Real ao tráfego civil. Não foi… porque não.
Há muito tempo, era o novo aeroporto de Lisboa na Ota. Não foi porque a localização era má (e não temos dinheiro nem para ali nem para outro sítio).
Há algum tempo, era o TGV com estação em Leiria (e o ‘Arco do Oeste’, lembram-se?). Também não foi porque não temos dinheiro.
Há mais tempo ainda (muito mais tempo!) era a Linha do Oeste com comboios. Também não é porque não temos horários (nem comboios…).
Tudo isto nos foi sucessivamente prometido, garantido, projectado, anunciado, reprometido, regarantido, reprojectado, reanunciado, a um ritmo mais ou menos quadrienal.
A par (e antes, e depois e em vez de…) de tudo isto, que em conjunto ou separadamente muito contribuiria para o desenvolvimento e a projecção da região, fomos paulatinamente perdendo os (poucos) centros de (alguma) decisão que mantínhamos.
Enquanto o discurso oficial elogiava e propagandeava a desconcentração, a descentralização e a proximidade, enquanto nos enchiam os ouvidos com (sucessivos) projectos de regionalização, os tais centros de decisão iam migrando para outras paragens.
Agora chegou a vez do Turismo.
Ao que se sabe (e sabe-se ainda pouco), não só o Pólo de Leiria-Fátima será extinto, como o Concelho de Ourém (e portanto Fátima) pode ser separado da restante região. Falhada a tentativa em 2008, concretiza-se agora...
Em qualquer caso, com Ourém ou sem Ourém, o futuro afigura-se cheio de nuvens, como destacaram já alguns autarcas. Que promoção coerente pode ser feita de uma região que se estende (quase) entre as margens do Douro e do Tejo, entre o Atlântico e Espanha, com realidades tão diversas quanto as suas componentes territoriais? O que é ‘isso’ de Centro?
Pois é. Estamos (finalmente) concentradíssimos.

(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 20 de Janeiro)

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