Um pouco de serenidade, por favor

Há cerca de dois meses, escrevi neste espaço sobre a anunciada reforma do Poder Local, especificamente sobre o (anunciado) novo mapa das Freguesias.
Adiantei então um conjunto de dúvidas sobre a ‘bondade’ dessa reforma, quer no que respeitará a poupança de recursos financeiros (globalmente ínfimos) quer no que isso poderia significar de ‘agressão’ ao sentimento de pertença das populações (com particular incidência fora das zonas urbanas). Parecia-me, também, estar-se a menosprezar a proximidade dos órgãos autárquicos das Freguesias relativamente aos cidadãos, o que do ponto de vista da Democracia não me parece muito aconselhável.
Será inquestionável a necessidade de repensar o mapa autárquico e as funções de cada um dos seus órgãos, processo para que devemos partir sem preconceitos nem dogmatismo. Necessariamente, haverá que defrontar resistências e bairrismos de vários matizes, mas haverá que olhar para a realidade e encontrar uma solução que melhore a situação actual e, sobretudo, que evite a existência de ‘vencedores’ e ‘vencidos’.
O que aconteceu recentemente em Portimão e Leiria não augura nada de bom.
Os representantes das Freguesias reunidos em Congresso não só recusaram liminarmente a proposta que está em cima da mesa, como se recusaram (muitos) a ouvir o ministro Miguel Relvas ou (muitos também) o apuparam durante a sua intervenção.
Em Leiria, também a Assembleia Municipal (por iniciativa dos presidentes das Juntas de Freguesia) recusou a proposta de novo mapa.
Percebo a perplexidade, o incómodo, a tristeza, o desalento e até alguma revolta dos presidentes das Juntas de Freguesia. Precisamente pelo que escrevo no início deste texto.
Já não percebo as reacções extremadas. Nada se constrói a partir da gritaria ou do abandono do diálogo.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 9 de Dezembro)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Devia ficar orgulhoso?

Não havia necessidade!

O PSD tem conserto?