Uma questão de confiança

Num caso de emergência médica, as ambulâncias não podem transportar qualquer acompanhante da(s) vítima(s). Assim à primeira vista, nem parece nada esquisito: que vai uma pessoa sem conhecimentos específicos fazer dentro da ambulância, a caminho de uma unidade de saúde? Aparentemente nada.
Há dias, uma pessoa conhecida necessitou de assistência hospitalar na sequência de uma pancada recebida na cabeça. Foi conduzida ao Hospital de Leiria, de onde, por precaução, foi encaminhada para uma unidade hospitalar de Coimbra. Sem acompanhamento familiar, pelo acima explicado e porque seria desnecessário.
Poupo nos pormenores para chegar ao que interessa.
No dia seguinte, esta pessoa teve que ser procurada pelas autoridades policiais, porque o hospital lhe perdera o rasto.
Este episódio, aparentemente sem consequências ‘laterais’, fez acordar histórias passadas, em vários outros hospitais públicos, de bebés raptados e doentes que se ausentaram em condições idênticas às do caso que relatei. E motiva perguntas.
Em primeiro lugar, será mesmo acertado impedir o acompanhamento de doentes por algum familiar durante as viagens em ambulância? Não deviam ser equacionadas excepções?
Em segundo lugar, como é possível que uma pessoa, devidamente identificada, possa ausentar-se do hospital sem fazer soar qualquer alarme?
Ninguém sabe quanto tempo esteve aquela pessoa fora do hospital até ser encontrada pelas forças policiais (e foi-o significativamente longe do hospital, o que aponta para horas de ausência).
O que me leva à terceira e última questão: que níveis de confiança podemos depositar nos serviços públicos de saúde? É claro que não pode haver um profissional a tomar conta de cada doente, mas não será suposto que os hospitais sejam locais seguros e onde as entradas e saídas sejam devidamente controladas?
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 11 de Novembro)

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