Obrigação de voto

"O castigo por não participares na política é acabares a ser governado por quem te é inferior" – Platão

É longa de séculos a luta dos povos pelo sufrágio universal e secreto como forma primeira de participação na res publica. Foi longa de décadas a caminhada de Portugal rumo à consagração desse princípio básico da Democracia como ainda hoje a entendemos. Chegou em 1975, mas passados quase 40 anos a participação nas eleições decresceu sucessivamente. Chegámos a um ponto em que pouco mais de metade dos eleitores ‘se dá ao trabalho’ de votar.
Significa isto que delegamos nos outros a escolha dos caminhos colectivos. Delegamos, mas queixamo-nos no momento seguinte. Queixamo-nos que o ‘povo’ se ‘enganou’, queixamo-nos dos ‘políticos’ que só se preocupam com eles e com os seus amigos, queixamo-nos da democracia, que não é ‘real’, mas não nos queixamos de nós próprios, os que se alhearam da vida colectiva.
As eleições do próximo domingo são mais importantes que todas as anteriores, porque vivemos um momento particularmente difícil, que nos deve convocar a todos para ser parte da solução e não parte do problema.
Por razões que não é tempo de discutir (hoje ainda é, mas amanhã já é tarde e domingo é tardíssimo), o nosso futuro colectivo vai exigir mais de nós do que o passado recente: vêm aí mais sacrifícios, mais dificuldades, mas há um futuro que exige participação e vontade, que exige escolhas.
Não é tempo de comodismos nem de ‘passa culpas’. Não é tempo de exigir direitos. Domingo, é tempo de exercer o primeiro dever democrático: votar. E não é desculpa argumentar que ‘eles são todos maus’: não são, mas apesar disso há as opções voto branco ou voto nulo.
Quem não se dá, sequer, ao ‘trabalho’ de votar deve assumir a sua quota de responsabilidade pela situação em que estamos.
Platão viu longe… muito longe.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 3 de Junho)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Devia ficar orgulhoso?

Não havia necessidade!

O PSD tem conserto?