Basta de trapalhadas

No preciso dia em que se cumpria um ano sobre a inexistência de governo na Bélgica (fruto do resultado das eleições legislativas e da dificuldade dos partidos ultrapassarem as suas divergências), soube-se em Portugal que haveria um problema com os votos (ou com alguns votos) dos emigrantes no Brasil. Problema que terá motivado a apresentação de dois protestos, cuja apreciação pode prolongar (ainda mais) o apuramento final das eleições de 5 de Junho.
Se assim for, ficamos numa posição pior que a dos belgas. Lá, um país populacionalmente semelhante a Portugal, são diferenças ‘nacionais’ (flamengos de um lado, francófonos do outro) que justificam a incapacidade de formar governo. Cá, é mais uma trapalhada…
Como se não bastasse precisarmos de três meses (sim, o governo Sócrates ‘caiu’ a 23 de Março) para realizar eleições, contar os votos e assistir à posse do novo governo, ainda acrescentamos um sem número de pequenas, médias ou grandes complicações.
Não se entende o (excessivo) prazo legal para realizar eleições após a queda de um governo; não se entende, sequer, a existência de um período de dez dias para contar os votos dos emigrantes. Aliás, começa por não se entender a divergência relativa ao número de eleitores entre as Comissões de Recenseamento e o Instituto Nacional de Estatística…
Estas são as segundas eleições consecutivas a revelar problemas graves no processo eleitoral. Em Janeiro, é bom não esquecer, a eleição presidencial também ficou manchada por trapalhadas.
É incompreensível que tal suceda. É incompreensível que, confrontada com o crescente alheamento do eleitorado, seja a própria administração pública a aumentar as razões de queixa, as dúvidas, o sentimento de desconfiança.
Já basta de trapalhadas.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 17 de Junho)

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