Um mundo melhor

Há muitos anos (no inícios dos 90 do século XX) tive oportunidade de visitar os campos de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, provavelmente a maior ‘fábrica da morte’ do regime nazi. Uma das sensações mais marcantes (se é que se pode falar de mais ou menos num tal cenário de horrores) aconteceu quase no fim da caminhada por Auschwitz, quando deparei com a forca onde foi executado o mais conhecido comandante do campo, Rudolf Höss – foi como que um suspiro de alívio: apesar de tudo, tinha-se feito alguma justiça.
Enquanto escrevo este texto (na noite de segunda-feira), é um pouco esse sentimento que me domina relativamente à anunciada morte de Osama Bin Laden.
Escrevo ‘anunciada morte’ porque me parece serem ainda poucas as evidências de tal facto: há ainda muita espuma no ar, muitas incongruências nos diversos ‘relatos’, muitas pontas soltas.
Apesar do teor assertivo da declaração de Barack Obama e das notícias sobre a conformidade do ADN, a verdade é que Bin Laden era uma figura mítica, de que apenas nos eram ‘reveladas’ a voz e (sempre) as mesmas fotos. No meu espírito, a dúvida não está completamente desfeita: Bin Laden existia ainda no dia 1 de Maio de 2011? Se sim, foi realmente morto?
Acreditando que sim, que Osama Bin Laden está morto, essa é uma boa notícia.
Pode dizer-se que já não era determinante, que a Al Qaeda não foi decapitada, que pouco muda no cenário de ameaça terrorista, que se criou mais um ‘mártir’. Admito que sim, admito até que os riscos aumentam, pelo menos a curto prazo.
Mas há um conceito de justiça (que me desculpem os puristas) que se viu concretizado: foi morto o responsável por milhares de vidas inocentes.
Fez-se alguma justiça. O mundo ficou melhor.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 6 de Masio)

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