Big brother
Foi anunciado esta semana o projecto de instalação de quase meia centena de câmaras de videovigilância no centro de Leiria. Os objectivos são louváveis e inquestionáveis, mas repugna-me o meio para os atingir.
É verdade que qualquer de nós, nos mais pequenos actos da vida, já prescindiu de uma fatia significativa da sua privacidade: utilizamos cartões de pagamento e a ‘Via verde’, andamos permanentemente com um telemóvel no bolso. Todos esses ‘equipamentos’ deixam rasto, bastando seguir as ‘pegadas’. Mas utilizamos esses objectos porque, quando e onde queremos: basta desligar o telemóvel para nos ‘evaporarmos’…
Outra coisa completamente diferente é um sistema de videovigilância. Que não controlamos nem saberemos efectivamente onde está. Mas que está, vê e, presumo, regista. E ser controlado pela PSP não altera o fundo da questão.
Incomoda-me saber-me permanentemente observado, mesmo que seja para ‘garantir’ a minha ‘segurança’.
Incomoda-me saber que alguém, algures, sabe onde estou, com quem estou, o que estou a fazer. Mesmo que em nome do ‘combate à criminalidade’.
Não é este o conceito que tenho de segurança, não é este o meu conceito de liberdade. Democráticas, quer uma quer outra.
Podem dizer-me que quando nos deslocamos a outras cidades, a outros países, é essa a realidade que encontramos. Admito que sim (não fiz qualquer busca a esse respeito), mas isso não altera a minha posição de princípio.
Leiria não é, de todo, uma grande metrópole. E não esgotou, na opinião do simples cidadão que sou, a possibilidade de garantir a tal ‘segurança’ e a tal ‘diminuição da criminalidade’ por outros meios. Por exemplo, tendo polícias na rua e não a circular (à meia dúzia) dentro de viaturas.
Fazia-nos bem ler (reler) George Orwell e o seu ‘1984’…
(Tinha prometido partilhar convosco a minha opinião sobre o sistema de eleição das Autarquias Locais, mas com os programas partidários já apresentados essa intenção será, naturalmente, adiada)
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 20 de Maio)
É verdade que qualquer de nós, nos mais pequenos actos da vida, já prescindiu de uma fatia significativa da sua privacidade: utilizamos cartões de pagamento e a ‘Via verde’, andamos permanentemente com um telemóvel no bolso. Todos esses ‘equipamentos’ deixam rasto, bastando seguir as ‘pegadas’. Mas utilizamos esses objectos porque, quando e onde queremos: basta desligar o telemóvel para nos ‘evaporarmos’…
Outra coisa completamente diferente é um sistema de videovigilância. Que não controlamos nem saberemos efectivamente onde está. Mas que está, vê e, presumo, regista. E ser controlado pela PSP não altera o fundo da questão.
Incomoda-me saber-me permanentemente observado, mesmo que seja para ‘garantir’ a minha ‘segurança’.
Incomoda-me saber que alguém, algures, sabe onde estou, com quem estou, o que estou a fazer. Mesmo que em nome do ‘combate à criminalidade’.
Não é este o conceito que tenho de segurança, não é este o meu conceito de liberdade. Democráticas, quer uma quer outra.
Podem dizer-me que quando nos deslocamos a outras cidades, a outros países, é essa a realidade que encontramos. Admito que sim (não fiz qualquer busca a esse respeito), mas isso não altera a minha posição de princípio.
Leiria não é, de todo, uma grande metrópole. E não esgotou, na opinião do simples cidadão que sou, a possibilidade de garantir a tal ‘segurança’ e a tal ‘diminuição da criminalidade’ por outros meios. Por exemplo, tendo polícias na rua e não a circular (à meia dúzia) dentro de viaturas.
Fazia-nos bem ler (reler) George Orwell e o seu ‘1984’…
(Tinha prometido partilhar convosco a minha opinião sobre o sistema de eleição das Autarquias Locais, mas com os programas partidários já apresentados essa intenção será, naturalmente, adiada)
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 20 de Maio)
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