Sobre o futuro

Pouco importa, aqui e agora, discorrer sobre o que nos leva a eleições legislativas antecipadas.
Tal como não interessa, neste momento, questionar os prazos larguíssimos entre a marcação e a respectiva realização.
Da mesma forma, não é tempo de dissecar a quem cabe a responsabilidade da situação que vivemos.
É importante debater tudo quanto antecede mas não agora. Algumas questões já tiveram o seu tempo. Outras tê-lo-ão ainda.
O importante é sublinhar a nossa responsabilidade colectiva no que à res publica diz respeito.
Permitam-me que recue décadas, para recordar a abstenção crescente que se regista em Portugal. Diz-se, ciclicamente e na versão ‘optimista’, que é normal, que ‘na Europa’ também é assim, que não é grave. Diz-se, também ciclicamente e na versão ‘pessimista’, que isto vem sendo assim porque o eleitorado não acredita nos ‘políticos’, que ‘eles’ são todos iguais e que nada merece o ‘incómodo’ de ir votar.
Neste espaço não cabe a contestação a qualquer das versões, em minha opinião erradas, redutoras e desculpabilizantes.
Muito para lá de um pretenso ‘cartão amarelo’ mostrado aos ‘políticos’, os crescentes índices de abstenção constituem uma manifestação de desinteresse pela vida colectiva.
Votar é muito mais que um direito constitucionalmente consagrado. Votar é o mínimo que os cidadãos devem fazer pela sua polis.
É bom que o nosso nível de exigência se manifeste permanentemente, que questionemos as políticas adoptadas, que façamos ouvir a nossa voz de outras maneiras que não apenas pelo voto.
Seria bom que fôssemos cada vez mais militantes de causas. Mas tudo começa no acto de votar.
Quanto maior for a afluência às assembleias de voto maior será o índice de responsabilidade dos eleitos e maior será a legitimidade da nossa exigência.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 8 de Abril)

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