Assim não

Leio nos jornais que um grupo do movimento auto-denominado “Geração à rasca” interrompeu uma iniciativa onde discursava José Sócrates, secretário-geral do Partido Socialista.
Pretenderiam falar, mas foram impedidos e postos fora da sala.
Não me parece que tenha sido uma boa ideia, pese o facto de afirmarem ter pago o jantar e Sócrates declarar que gostava de os ter ali a jantar.
Milhares de jovens têm toda a razão para se sentirem ‘excluídos’ da sociedade, por não verem reconhecida e aproveitada a formação que perseguiram ao longo de muitos anos, por não vislumbrarem um futuro minimamente digno para cada um deles.
Têm razão para se sentirem discriminados na procura de emprego, têm razão para se sentirem as principais vítimas de um ‘modelo de sociedade’ que não premeia o mérito nem assegura verdadeira igualdade de oportunidades.
Têm razão, até, para algum desespero ao verem que o futuro que os espera lhes oferecerá bastantes menos garantias que as que foram proporcionadas às gerações anteriores.
Por isso se percebe perfeitamente o gripo de revolta que levou à convocação das manifestações de amanhã.
Mas todas as razões que lhes assistem não justificam a ‘invasão’ (pacífica é certo) de uma iniciativa como a que o Partido Socialista promoveu em Viseu. Mesmo tendo pago para entrarem.
Tentando olhar o facto a partir da perspectiva dos jovens, direi que ‘beneficiaram o infractor’, permitindo alguma vitimização ao Partido Socialista.
Só não ‘perderam o desafio’, porque a reacção foi ela também inábil. Ao serem expulsos da sala, os jovens puderam igualmente vitimizar-se.
As razões de queixa dos jovens são muitas e sérias e é aos jovens que, em primeira linha, compete lutar contra esta realidade. Mas, assim, não me parece que conquistem grande audiência.
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 11 de Março)

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