A Democracia tem preço?

“À excepção de todos os outros sistemas criados, a democracia é o pior deles”
(frase atribuída a Winston Churchill)


Mais uma vez, subiu à praça pública o tema (recorrente) da diminuição do número de deputados na Assembleia da República. E, como habitualmente, duas ‘teses’ se defrontam: os sim’s (agora reforçados pela ‘crise’) e os não’s (invocando o fim da proporcionalidade).
Como habitualmente, o debate centra-se no acessório e esquece o essencial. Não tanto como habitualmente, insiste-se no desperdício de gastar tanto dinheiro.
Repugna-me que se discuta a Democracia com base no seu ‘preço’: a Democracia será sempre ‘cara’ se não for… democracia; será sempre ‘barata’ se for… democracia.
A nossa Democracia é cara porque funciona mal (veja-se o caso inacreditável da ‘abstenção forçada’ nas recentes eleições presidenciais) e não porque tem X ou Y deputados (ou ministros, ou secretários de Estado, ou…).
A nossa Democracia é cara porque os deputados não representam nada nem ninguém: candidatam-se por círculos eleitorais mas, uma vez eleitos representam ‘a Nação’ (vide a Constituição).
Portanto, sejam 230 ou 180 ou qualquer outro número, enquanto este sistema se mantiver serão sempre caros. Todos e cada um eles.
Mais que discutir quantos são e quanto ‘ganham’ (outra falácia que não tenho espaço para comentar), o importante é debater como são eleitos e quem representam.
Enquanto as populações não souberem quem as representa, a quem se podem dirigir, a quem podem (e devem) pedir contas, a Democracia será sempre cara.
Quando os deputados passarem a ser eleitos uninominalmente e por círculos eleitorais mais pequenos a Democracia ficará consideravelmente mais barata. Porque muito melhor!

(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 11 de Fevereiro)

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