Os mercados

Há muitos, muitos anos ‘mercados’ eram aqueles espaços ao ar livre onde as pessoas se dirigiam para comprar o que precisavam e vender o que produziam. As coisas evoluíram e, principalmente nas cidades e outros povoados de razoável dimensão, os ditos mercados começaram a funcionar em espaços próprios (e fechados) e dias predeterminados.
Lembro-me bem do velho Mercado de Sant’Ana e do novo Mercado Municipal na Quinta do Carpalho (inaugurado com pompa e circunstância no início dos anos 80 do Século passado).
Depois surgiram outros mercados… mini, super, híper e tudo o mais que a iniciativa humana inventou.
‘Mercado’ usava-se igualmente para significar que este ou aquele produto tinham potencial de venda junto dos consumidores (‘tem mercado’) ou que estava condenado ao insucesso (‘não tem mercado’).
Recentemente, tudo mudou e confesso-me bastante confuso.
De um momento para o outro, ‘mercados’ passou a dominar os noticiários, a opinião publicada e as conversas de café. Então se surgisse em conjunto com ‘taxas de juro’, confesso que não percebia nada.
Que diabo! O que seriam os ‘mercados’ de tão importante?
As ditas taxas de juro subiam e desciam, qual carrossel de feira, e a culpa era dos ‘mercados’? Sempre dos ‘mercados’?
Até que, de tanto matutar, cheguei a uma associação de ideias (partindo das taxas de juro, porque pelo outro lado só andava às voltas). Reparei, nos mesmos noticiários, que as taxas de juro subiam quando eram pronunciadas determinadas palavras por determinado tipo de políticos (por exemplo: alta velocidade, governo de salvação nacional, bloco central, eleições antecipadas, parcerias, FMI…). Reparei também que as taxas de juro desciam (ou ficavam quietas) quando essas palavras não eram pronunciadas.
Será, pergunto-me, que ‘mercados’ é o nome do meio desse determinado tipo de políticos?
(in 'Região de Leiria' - "Da margem do Lis", 19 de Novembro)

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